“Num momento crítico da economia e da vida social imposto pela pandemia, a Abraciclo movimentou suas associadas para integrarem-se na luta para proteger os profissionais da saúde e aliviar a fome em Manaus e municípios da região, além de atuar institucionalmente para manter empregos e investimentos. Com atuação destacada do Comitê indústria ZFM- COVID-19, formado pelas entidades que representam a indústria do pólo industrial de Manaus, o economista Marcos fermanian emprestou sua experiência profissional e o suporte institucional da entidade e seus associados. Em entrevista ao BrasilAmazoniaAgora, ele conta alguns detalhes dessa epopeia cívica”
Alfredo Lopes entrevista Marcos fermanian(*)
Num momento crítico da economia e da vida social imposto pela pandemia, a Abraciclo movimentou suas associadas para integrarem-se na luta para proteger os profissionais da saúde e aliviar a fome em Manaus e municípios da região, além de atuar institucionalmente para manter empregos e investimentos. Com atuação destacada do Comitê indústria ZFM- COVID-19, formado pelas entidades que representam a indústria do pólo industrial de Manaus, FIEAM, CIEAM e ELETROS, o economista Marcos fermanian emprestou sua experiência profissional e o suporte institucional da entidade e seus associados. Em entrevista ao BrasilAmazoniaAgora, ele conta alguns detalhes dessa epopeia cívica. Por Alfredo Lopes
1.BrasilAmazoniaAgora – Quais foram as grandes lições do Comitê IndústriaZFM COVID-19?
Marcos fermanian – A pandemia elevou o senso de solidariedade e responsabilidade social de todos, inclusive das empresas. No novo normal, as organizações buscam trazer propósito aos negócios e trabalhar em ações que resultem no impacto social e ambiental positivo. O Comitê Indústria ZFM – Covid 19 é um exemplo disso: foram distribuídas mais de 200 toneladas de alimentos para entidades que atendem às pessoas em condições de vulnerabilidade e doação de uma quantidade expressiva de EPI’s (Equipamentos de Proteção Individual) para os profissionais da área de saúde. Além disso, para suprir a demanda de luvas e protetores faciais, que não chegavam dos fornecedores asiáticos, passamos a fabricá-las no PIM. Isso foi feito em parceria com o Senai que capacitou as indústrias. A capacidade de união das indústrias, suas lideranças e seus profissionais foram essenciais para superarmos as dificuldades iniciais, quando Manaus se tornou o centro da pandemia no Brasil. Nesse período, aprendemos muito e nos tornamos muito mais fortes.
2) BAA – Na sua opinião, uma empresa que produz veículos de duas rodas, bicicletas três círculos motocicletas, contribui adicionalmente para o meio ambiente no programa Zona Franca de Manaus?
MF – O modelo da Zona Franca de Manaus (ZFM) é reconhecido, tanto em nível nacional como internacional, como um exemplo de que é possível conciliar desenvolvimento industrial e preservação ambiental, aliando avanço tecnológico e respeito ao meio ambiente. De acordo com um estudo elaborado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), intitulado “Impactos, Efetividade e Oportunidades da Zona Franca de Manaus” que foi publicado no Anuário da Indústria Brasileira de Duas Rodas 2019, a arrecadação do estado do Amazonas tem acentuada participação no PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro e a atividade industrial no Polo de Manaus previne um alto nível de desmatamento na floresta Amazônica, pois evita a economia predatória. Isso é resultado não apenas do Setor de Duas Rodas que a Abraciclo representa, mas de todas as empresas ali instaladas. Todos nós trabalhamos para garantir a sustentabilidade da região e seu progresso socioeconômico, além de colaborar para a preservação desse importante patrimônio da humanidade.
3) BAA- Como alimentar o portfólio de proteção florestal do Amazonas, promovendo/estimulando a equação Transportes Público e Sustentabilidade com a adoção dos veículos de duas rodas ?
MF – A motocicleta é um meio de transporte que provoca menor impacto ambiental, por estar adequada às normas ambientais vigentes (Promot 4). Além disso, mais de 60% das unidades que saem da linha de produção hoje contam com a tecnologia bicombustível, que ajuda a reduzir a emissão de poluentes. Já a bicicleta, além de não poluir, estimula a atividade física e possibilita uma vida mais saudável. Nesse sentido, a Abraciclo tem trabalhado junto às autoridades apresentando propostas que promovam essas duas alternativas de deslocamento nas cidades e, com isso, melhorar a mobilidade urbana. Dessa forma, estimulamos o setor de Duas Rodas e, consequentemente, mantemos os postos de trabalho no Polo de Manaus e a preservação da floresta.
4) BAA – Na sua opinião, as entidades de classe terão fôlego político para assumir protagonismo na gestão dos fundos e contribuições da indústria para a sociedade?
MF – Sim, com certeza. Com a pandemia do coronavírus, demos o primeiro passo nessa direção. Juntos, descobrimos que somos capazes de fazer muito mais do que imaginávamos. Agora vamos intensificar os esforços para a promoção da bioeconomia na ZFM, que sozinha gera cerca de 500 mil empregos diretos e indiretos. Trabalhamos, quando digo isso, me refiro a Abraciclo e outras entidades, como FIEAM, CIEAM, Eletros e Suframa, em sinergia para gerar novos negócios, buscar outras matrizes econômicas por meio de pesquisa, desenvolvimento tecnológico e aproveitamento das riquezas regionais naturais locais, preservando o patrimônio que temos na região. Em agosto, especialistas locais e nacionais, reunidos no Grupo de Trabalho: GT ZFM-Pós-pandemia, elaboraram o documento Desenvolvimento Sustentável da Amazônia – Diversificação Produtiva e Promoção da Bioeconomia a partir da Zona Franca De Manaus
(*) Marcos fermanian é economista e iniciou sua carreira na área de administração de negócios da Honda, em 1987. Suas atividades se concentraram na área comercial da montadora a partir de 1993, período de crescimento constante dos negócios com motocicletas no mercado nacional. Em 2007, assumiu o comando da Honda Serviços Financeiros, atuando fortemente na viabilização de parcerias. Em 2012, transferiu-se para a área de Auditoria Interna da montadora e também foi eleito e iniciou sua gestão como presidente da Abraciclo – Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares, sendo reeleito em 2016.
SOBRE A Abraciclo E O SETOR DE DUAS RODAS
Com 45 anos de história e contando com 14 associadas, a Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares – Abraciclo representa, no País, os interesses dos fabricantes de veículos de duas rodas, além de investir em ações visando a paz no trânsito e a prática da pilotagem segura. A fabricação nacional de motocicletas, quase totalmente concentrada no Polo Industrial de Manaus (PIM), está entre as oito maiores do mundo. No segmento de bicicletas, com as principais fábricas também instaladas no PIM, o Brasil se encontra na quarta posição entre os principais produtores mundiais. No total, as fabricantes do Setor de Duas Rodas geram mais de 13 mil empregos diretos em Manaus/AM.
FONTE: Brazil Amazônia Agora – AM
DATA: 03/09/2020