Portas abertas para o mercado de trabalho, emprego fixo, estabilidade financeira e oportunidades de participar de cursos, treinamento e qualificação profissional, esses são apenas um dos benefícios proporcionado pelo PIM (Polo industrial de Manaus) na vida do industriário, Haydenilson Santos de Andrade, 39 anos. Há 18 anos trabalhando no setor de Duas rodas, o amazonense faz parte dos 500 mil empregos diretos e indiretos gerados pelo modelo Zona franca desde o seu surgimento.

“O modelo me abriu muitas portas e com as qualificações adquiridas lá, posso até abrir meu próprio negócio na área onde trabalho. Além disso, tenho plano de saúde, odontológico e farmácia e uma estabilidade financeira onde tenho condições de manter a minha família e ajudar o meu próximo”, disse.
O estudo “Zona franca de Manaus: Impactos, Efetividade e Oportunidades” elaborado pela FGV (Fundação Getúlio Vargas), comprovou a efetividade do modelo como ferramenta de desenvolvimento econômico para a Região Norte do país. Crescimento da renda Per Capita acima da média nacional, evolução na participação do PIB (Produto Interno Bruto) do país e geração de 500 mil empregos diretos e indiretos, foram um dos principais reflexos positivos do modelo no desenvolvimento da Região Norte do Brasil.
Outro ponto positivo é a proporção de empregos gerados na indústria de transformação. De acordo com o estudo, os rendimentos do trabalho no setor industrial são maiores na região impactada pela Zona franca, principalmente
no final dos anos 1980 e meados dos anos 1990. Conhecedor da realidade do dia a dia da fábrica onde trabalha e testemunha os empregos e condições de sustento gerados para as famílias amazonenses, Haydenilson conta, que o fim do PIM seria o início de um caos na vida de muitos trabalhadores.
“O resultado do meu trabalho proporciona mais qualidade de vida para a minha família. Deu condições para que eu pudesse investir na educação do meu filho colocando o em uma escola particular, reformamos a nossa casa e compramos um carro. Com todos os esses benefícios vivemos uma vida saudável, alegre e de qualidade. Se as empresas daqui e o comércio tiverem suas portas fechadas, causaria uma grande quantidade de pessoas desempregada”, conta.
Frutos
A vida profissional do gerente de engenharia e manufatura, Eduardo Maia de Souza, é outro exemplo dos frutos produzidos pelo modelos industrial de Manaus. Há 21 anos atuando no segmento de eletroeletrônico e telecomunicações, o amazonense de 38 anos construiu uma carreira alicerçado nas oportunidades oferecidas pelo modelo Zona franca.
“Entrei no Polo industrial como estagiário técnico através da Escola Técnica Federal do Amazonas. Foi onde eu iniciei minha carreira profissional e ao longo dos anos consegui pagar minha faculdade, meus cursos, adquiri um automóvel, minha casa e construí minha família. Graças a Deus tenho condições de dar uma vida agradável para minha esposa e minha filha de 1 ano”, disse Eduardo de Souza.
Defensor do modelo como ferramenta de preservação da florestas e às biodiversidade, Eduardo destacou os projetos de desenvolvimentos tecnológicos elaborados pelas empresas que nada deixam a desejar aos dos países de primeiro mundo. Porém, as dificuldades geográfica segundo ele, ainda são elementos que influenciam e afetam o modelo mostrando a necessidade de manter os incentivos fiscais para a região e atrair novos investidores.
“Aqui no estado, grande parte das indústrias tem tecnologia de ponta. Nosso estado em virtude da localização geográfica não tem como competir com outros estados sem benefícios, mas no fundo todos tem algum incentivo. O Brasil precisa conhecer nossa indústria, nosso povo. Precisamos divulgar cada vez mais nosso estado”, disse.
Preservação e desenvolvimento do Amazonas
Na visão do economista Faride de Mendonça Júnior, desde sua implementação em 1967, o modelo não mudou apenas a vida de trabalhadores locais, mas, a configuração ambiental e socioeconômica do Estado do Amazonas. “A economia do Amazonas voltada para a produção da borracha entrava em colapso, sem perspectivas de desenvolvimento que não fossem o extrativismo, a mineração, a exploração madeireira de baixíssimo valor agregado, relegando a população a um estado de miséria e sem perspectivas. A recuperação da economia sem o modelo ZFM seria muito devagar e seguiria a tendência dos outros estados vizinhos, o que geraria consequências ambientais graves, com o avanço do desmatamento e das queimadas e a destruição da floresta”, explicou.
“Precisamos de um novo olhar estratégico do governo para a região amazônica como um todo, com o intuito de manter a floresta protegida, mas viável economicamente, com diversificação dos projetos e agregação de valor. Que respeite nosso povo, nossa diversidade, nossa cultura, nossa autonomia e nossa altivez diante do reconhecimento de nossa importância para o Brasil e para o mundo”, disse o economista.
Na visão do vice presidente da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas), Nelson Azevedo, a falta de conhecimento dos brasileiros sobre realidade do sistema industrial da Zona franca e os benefícios que ele gera na região, é um dos principais fatores que municia os constantes ataques ao modelo.
“Eles precisam conhecer que somos um polo de desenvolvimento que é isolado do país. Existem muitas dificuldades e distorções que precisam ser corrigidas. De 100 economista que falam, 110 nunca pisaram na Amazônia. Temos dados de sobra para convencer qualquer pessoa que esse modelo traz desenvolvimento para o país. A renúncia fiscal é um projeto de desenvolvimento e integração regional que deu resultados positivos.”, disse.
Números
De acordo com a FGV, em 2018 o faturamento do PIM teve um crescimento aproximado de 13% em relação ao 2017, chegando a R$ 92,6 bilhões. Os valores são resultados dos cinco principais segmentos: eletroeletrônico, bens de informática, setor de Duas rodas, químico e termoplástico. No ano passado o PIM produziu entre vários produtos, 11,8 milhões de televisores, 14,1 milhões de celulares, 14,1 milhões de celulares, 3,19 milhões de ar condicionados e 746,1 mil computadores.
No segmento de Duas rodas, as 14 empresas associadas a Abraciclo (Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares), fabricaram 1,04 milhão de Motocicletas e 776,5 mil bicicletas. De acordo com a Abraciclo, o Polo industrial de Manaus atende mais de 40% do mercado nacional e investimento anuais de das empresas de R$ 32 bilhões em média.
Renda per capita
Houve, uma relevante redução da diferença de renda per capita entre o Amazonas e os estados mais ricos do país. Em 1970, no começo da ZFM, a renda per capita de São Paulo (R$17,4 mil) era 7 vezes maior do que a do Amazonas (R$2,4 mil). Em 2010, a renda per capita do São Paulo (R$30 mil) era 1,8 vezes maior do que a do Amazonas (R$17 mil).

 

FONTE: Jornal do Commércio – Manaus – AM

DATA: 19/09/2019