Após registrar o maior tombo do país no mês anterior, a indústria amazonense registrou uma escalada de dois dígitos na variação mensal. O Estado também avançou nas variações anual e acumulada, tendo batido a média nacional em todas as comparações. O resultado positivo veio em um mês em que nove das 14 unidades federativas registraram altas, no mês e no ano. O crescimento de dezembro se restringiu a menos da metade dos segmentos analisados, sendo mais amplo na análise do aglutinado de 2021. Os destaques vieram dos subsetores de plástico/borracha, de Motocicletas e de bebidas.
Em síntese, a produção industrial do Estado escalou 14%, na passagem de novembro para dezembro, em desempenho bem melhor do que o do levantamento anterior (-2,1%). O confronto com dezembro de 2020 resultou em aumento e 2,3%, após cinco meses seguidos de retração na variação anual. O Amazonas também conseguiu permanecer no azul no acumulado dos 12 meses (+6,4%). É o que mostra a pesquisa mensal do IBGE para a atividade em âmbito regional, divulgada nesta quarta (9).
Ao contrário do ocorrido no levantamento anterior, o resultado do Amazonas na variação mensal (+14%) foi significativamente melhor do que o da média nacional (+2,9%). Com isso, o Estado decolou da última para a primeira posição do ranking nacional do IBGE, que analisa mensalmente as indústrias de 14 unidades federativas. Foi seguido de longe por Goiás (+8,8%) e Paraná (+7,6%). Em contraste, Santa Catarina (-2,7%), Rio Grande do Sul (-2,1%) e Pará (-1,7%) ficaram no fim da fila.
A alta no acumulado dos 12 meses de 2021 (+6,4%) permitiu ao Amazonas subir do sexto para o quinto lugar do ranking brasileiro, além de voltar a superar a média nacional (+3,9%). Santa Catarina (+10,3%), Minas Gerais (+9,8%) e Paraná (+9%) saíram na frente, enquanto Bahia (-13,2%), Goiás (-4%) e Pará (-3,7%) ficaram no rodapé de uma lista com cinco resultados negativos e uma estabilidade. O acréscimo de 2,3% registrado na variação anual de dezembro também fez o Estado bater a média brasileira (-5%), além de subir da penúltima para a quarta posição. Mato Grosso (+23,1%) e Ceará (-20,9%) protagonizaram os extremos.
Na comparação com dezembro de 2020, a indústria extrativa (óleo bruto de petróleo) cresceu 1%. A indústria de transformação foi ainda mais longe (+2,3%), em performance insuficiente para repor a perda anterior (-13,3%). Só quatro de seus nove segmentos investigados pelo IBGE puxaram a expansão. A lista inclui os subsetores de produtos de borracha e material plástico (+27%), de bebidas (+17,2%), de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (conversores, alarmes, condutores e baterias, com +13,2%), e de “outros equipamentos de transportes” (Motocicletas e suas peças, com +2,8%).
Em contrapartida, cinco divisões industriais do Amazonas amargaram queda. O pior número veio novamente de impressão e reprodução de gravações (DVDs e discos, com -36,5%), seguido por máquinas e equipamentos (condicionadores de ar e terminais bancários, com -21,8%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (celulares, computadores e máquinas digitais, com -8,2%), derivados de petróleo e combustíveis (-5,1%), e produtos de metal (lâminas, aparelhos de barbear, estruturas de ferro, com -2,4%).
O ano se encerrou confirmando um quadro predominantemente positivo para a indústria do Amazonas: apenas indústria extrativa (-1,2%) e as divisões de impressão e reprodução de gravações (-63,7%) e de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-7,7%) confirmaram queda. Os melhores desempenhos vieram de borracha e material plástico (+41%), “outros equipamentos de transporte” (+29,7%), máquinas e equipamentos (+21,4%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (+10,8%), derivados de petróleo e combustíveis (+10,8%), bebidas (+6,8%) e produtos de metal (+6,5%).
Em seu comentário para a reportagem do Jornal do Commercio, o supervisor de disseminação de informações do IBGE-AM, Adjalma Nogueira Jaques, observa que dezembro trouxe bons resultados para o setor, em todas as comparações. “Isso proporcionou um ótimo fechamento anual, colocando o Estado em situação de destaque. Com isso, a indústria superou a queda ocorrida no ano anterior. As perspectivas para as próximas divulgações são boas, mas a indústria enfrenta outros problemas, que vão além das vendas. Por isso, é difícil prever os resultados das próximas divulgações”, ponderou.
Em texto postado no site da Agência IBGE de Notícias, o gerente da pesquisa., Bernardo Almeida, ressaltou que, embora 2021 tenha fechado no azul, foi volátil durante os meses. “No primeiro semestre a trajetória foi mais crescente, e o ganho acumulado chegou a ser de 13%. Mas, no segundo semestre, houve perda de fôlego e a produção teve sequência de quedas”, pontuou, acrescentando que os destaques da indústria nacional vieram dos subsetores de veículos (Caminhões, automóveis e caminhão-trator para reboques) e de máquinas e equipamentos (escavadeiras, rolamentos para equipamentos industriais e carregadoras-transportadoras).
Em texto divulgado anteriormente por sua assessoria de imprensa, o presidente da da Abraciclo (Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares), Marcos fermanian, avaliou que o cenário atual ainda é de recuperação gradativa para a indústria de Motocicletas, que vem retornando ao nível pré-pandemia, pouco a pouco. Entre os fatores citados para explicar a maior demanda estão o avanço dos serviços de entrega e o maior uso da Motocicleta nos deslocamentos urbanos – em razão da alta dos combustíveis e da disponibilidade de crédito. “Esperamos um cenário mais estável neste ano, para conseguirmos atingir novamente os patamares de 2015, quando a produção ficou na casa do 1,2 milhão de unidades”, completo
Em entrevista anterior à reportagem do Jornal do Commercio, o presidente da Aficam (Associação dos Fabricantes de Insumos e Componentes do Amazonas), Roberto Moreno, avaliou que ainda há um represamento no mercado e que essa demanda reprimida acaba sendo, aos poucos atendida pela indústria. O dirigente estima que o setor ainda deve enfrentar dificuldades no primeiro bimestre, em função das condições econômicas adversas e do repique da pandemia, além da sazonalidade negativa. Mas considera que as dificuldades serão superadas ainda neste ano.
“Abro parênteses para o desempenho e esforço também de comércio e serviços que, como elos da cadeia, participam dessa recuperação, que ocorre com o bom momento da economia de todo o país. Estão havendo novamente impactos, devido a covid, o que prejudicará este primeiros dois ou três meses. Felizmente [a variante é] menos agressiva, mas lamentavelmente com novas perdas de vidas. Infelizmente todo o mundo está sofrendo com a inflação. Mas, acredito que vamos passar novamente por essa crise e voltar a crescer nos mesmos percentuais do final de 2021”, arrematou.
FONTE: Jornal do Commércio – Manaus – AM
DATA: 10/02/2022