A Su se foi. Pena
Confundem-se, sempre. A história da indústria da motocicleta no Brasil, seu nascimento e evolução, em cada uma de suas muitas vertentes, se mistura, insistentemente, pelos últimos 35 anos, com vida e obra jornalística da Sueli Rumi.
No início da década de setenta, quando importadoras, fabricantes, revistas e jornalistas formavam um conjunto de profissionais apaixonados trabalhando por fazer nascer entre nós a motocicleta como um elemento presente ao cotidiano, respeitado e amado por todos os que dela se aproximavam, uma figura, sempre singela em seu jeito de ser, era uma presença marcante e constante.
Suas vivências pelo nosso mundo motociclístico atravessaram estas últimas décadas permeando por indústrias, competições, eventos de toda a espécie, presente onde estivessem ligados e roncando os motores das máquinas maravilhosas que a seduziam.
Informações certas e precisas, sempre a consulta definitiva nos momentos das dúvidas. É pouco provável que exista um só jornalista especializado que não tenha, por mais de uma vez, ligado para a Sueli: você lembra quando o belga Eddy Lejeune participou daquele indoor de trial no Ginásio do Ibirapuera? Quem chegou em segundo? A resposta era absolutamente rápida e segura. Ainda bem, porque muitas dessas respostas só ela sabia, pasmemo-nos todos!
O orgulho simpático com que prontamente nos brindava com suas informações era sempre seguida de relatos adicionais que bem mostravam o quanto as motos percorriam suas veias e completava sua grande paixão. Não foi possível pensar nesse mundo das duas rodas sem pensar na Sueli Rumi por perto nos últimos muito anos, pouco pelo tanto que viveu.
Uma outra paixão roubou um pouco de atenções. Acompanhou alguns dos mais importantes de nossos alpinistas em sua luta pelas mais altas das conquistas, do K2 ao Everest e estava pronta para colocar em prática seu sonho da publicação de um livro.
Sueli nos deixa um espaço a ser preenchido que jamais o será. Teremos muito aficionados, muita gente competente, muitos jornalistas de grande valor, mas não há mais lugares para pioneiros, para testemunhas de um passado heróico, de apaixonados incontidos, que ostentam um sorriso definitivamente emocionado quando o assunto era motocicletas e motociclistas.
Isso só será possível ver onde ela estiver, a Sueli Rumi Nakatsui, ou apenas a Su, que maneira carinhosa que significou sempre a mesma pessoa para todos os que tiveram o privilégio de conviver com aquela japonesinha miúda e carismática de espírito tão grandioso!
A motocicleta e os motociclistas agradecem, saudosos e emocionados, tudo o que ela fez por eles. Obrigado Su, acelera lá pro céu e chega em primeiro!!!
* Missa 7º dia – Será realizada no próximo domingo dia 08 de março às 11:00 horas na Paróquia São Gabriel, localizada na Av. São Gabriel nº 108 no Jardim Paulista – São Paulo/SP.