Má formação do condutor acarreta em erros de postura e desgastes mecânicos do veículo, levando a situações de risco
Realizado na última sexta-feira, dia 20 de maio, pela Abraciclo – Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares, o II Workshop Abraciclo – Especial Segurança trouxe especialistas para discutir o atual sistema de formação dos condutores, principais erros cometidos pelos motociclistas, projetos em discussão sobre o tema e dicas de comportamento e condução do veículo no trânsito.
O painel contou com mediação do ex-piloto de MotoGP e atual instrutor da Alex Barros Riding School, Alexandre Barros, e participação de José Luiz Terwak, gerente do Centro Educacional de Trânsito Honda, Magnelson Carlos de Souza, presidente da Feneauto (Federação Nacional das Auto Escolas), Rolf Epp, diretor da BMW Motorrad, e Sandro Esgolmin, engenheiro de segurança da Ambev, empresa que dispõe de uma frota de aproximadamente quatro mil motocicletas.
Formação do Condutor
Para o presidente da Feneauto, hoje o condutor de motocicleta seria adestrado, ao invés de formado. “É um problema cultural”, afirma Magnelson. Ainda segundo o presidente, “para minimizar os problemas causados pelo trânsito se faz necessário um conjunto de ações, que passam inicialmente pela educação no trânsito, aprimoramento da formação do condutor e uma melhor qualidade das vias e da sinalização. Temos também que dar um destaque especial para a fiscalização dos preceitos dispostos no Código de Trânsito Brasileiro e suas Resoluções”. Além disso, Magnelson ressalta que infelizmente a fiscalização efetuada pelo DETRAN é inexistente.
Segundo o presidente, existiriam hoje projetos e propostas visando uma melhora no processo de formação do motociclista, com aulas em meio urbano e reciclagem dos instrutores – muitos não preparados para a função -, mas que o sistema é moroso e a implantação dessas propostas vem se arrastando ao longo dos anos. “Precisamos nos unir para garantir a melhora na formação dos condutores e a implantação desses projetos”, explica Magnelson.
Vícios Mais Frequentes
Os participantes apontaram os principais vícios dos motociclistas. Os mais frequentes seriam: “síndrome da poli position”, quando o motociclista sai em movimento imediatamente logo após a abertura do semáforo em cruzamentos, correndo o risco de ser atingido por algum veículo que esteja passando no início do farol vermelho; erros na postura do motociclista, que afetam a condução do veículo e dificultam a realização de manobras; desconhecimento sobre a forma correta de executar a frenagem, mantendo erroneamente o freio dianteiro desregulado; o não respeito às leis de trânsito, reflexos de falhas no comportamento e fiscalização; e a não utilização da roupa adequada para dirigir a motocicleta, como luvas, botas e jaquetas – acessórios imprescindíveis para a segurança do condutor.
Esgolmin apontou que cada unidade da Ambev possui uma oficina para manutenção dos veículos e que todos os profissionais passam diariamente por uma “Blitz de Segurança”: um monitor vistoria a vestimenta do condutor (roupas, botas, luvas, capacetes) e checa a mecânica da motocicleta. “Um ato simples, mas que faz toda a diferença”, explica.
Para Terwak, que já ministrou curso para o Corpo de Bombeiros e demais órgãos públicos através do CETH (Centro Educacional de Trânsito Honda) é “essencial trabalhar na formação e condução dos motociclistas para usar a motocicleta da maneira mais segura possível”.
Rolf Epp, que já atendeu 20 mil pessoas no curso de pilotagem da BMW nos últimos 10 anos, acredita na necessidade de “parceria entre o setor privado e o governo para diminuir os problemas encontrados no trânsito”.
Alexandre Barros afirma que precisamos de “mais união e força do setor como um todo em prol da segurança”.